quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Covid-19 pode desenvolver anticorpos que ataca o próprio corpo


Um estudo publicado na última semana aponta que alguns sobreviventes da Covid-19 carregam sinais preocupantes de que seus sistemas imunológicos se transformaram e passaram a atacar a si próprios. Os pacientes estão produzindo moléculas chamadas de “autoanticorpos”, que têm como alvo o material genético das células humanas em vez do vírus.

Esta resposta imunológica equivocada pode deixar o paciente com Covid-19 em estado grave. Também pode explicar por que alguns sobreviventes da doença têm problemas persistentes meses depois da cura e do vírus ter desaparecido de seus corpos.

As descobertas têm implicações importantes para o tratamento: usando os testes existentes que podem detectar autoanticorpos, os médicos podem identificar pacientes que podem se beneficiar de procedimentos usados para combater lúpus e artrite reumatoide. Não há cura para essas doenças, mas alguns recursos terapêuticos diminuem a frequência e a gravidade dos surtos.

— É possível que o tratamento possa ser mais efetivo com os pacientes apropriados usando algumas dessas drogas mais agressivas — disse Matthew Woodruff, imunologista da Emory University em Atlanta e principal autor do trabalho.

Os resultados foram apresentados na última sexta-feira no servidor de pré-impressão MedRxiv e ainda não foram publicados em um jornal científico. Especialistas consultados apontaram que os pesquisadores que realizaram o estudo são conhecidos por trabalhos cuidadosos e meticulosos, e que as descobertas não são inesperadas porque outras doenças virais também desencadeiam autoanticorpos.

— Não estou surpreso, mas é interessante ver que isso está realmente acontecendo — disse Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale. — É possível que mesmo uma doença moderada a leve possa induzir esse tipo de resposta de anticorpos.

Durante meses, ficou claro que o coronavírus pode fazer com que o sistema imunológico fique descontrolado em algumas pessoas, causando mais danos ao corpo do que o próprio vírus.

O GLOBO

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