quarta-feira, 21 de novembro de 2018

‘Depois de um suicídio, não há muita utilidade em sentir culpa’, diz escritor e psicólogo

O psicólogo Andrew Solomon: 'É importante entender que o oposto de depressão não é felicidade. A tristeza autêntica, por boas razões, humaniza' Foto: Divulgação/Annie Leibovitz
A cada quarenta segundos, alguém comete suicídio. A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida anualmente. No Brasil, são cerca de 11 mil casos, segundo o Ministério da Saúde .
A prevalência do problema, no entanto, não acabou com o tabu em torno dele. “É um tema muito delicado. Se você fala demais sobre ele, é um problema; se você fala muito pouco, também”, diz o americano Andrew Solomon, 55 anos, professor de psicologia clínica na Universidade Columbia e autor do recém-lançado “Um crime da solidão – Reflexões sobre o suicídio” (Companhia das Letras).
Nos nove textos compilados na obra, Solomon analisa a morte de celebridades como o ator Robin Williams (1951-2014) e o chef Anthony Bourdain (1956-2018) e fala do efeito de imitação que o noticiário em torno delas causa — houve um aumento de quase 10% no número de casos após o comediante americano se enforcar.
Também trata de casos que lhe foram próximos, como o de um amigo de faculdade — e da culpa que sentiu por não ter conseguido ajudá-lo — e o de sua mãe, que decidiu em comum acordo com a família acabar com a própria vida por conta de um câncer incurável, e o fez em casa, cercada pelos filhos e pelo marido. Essa história, e a da depressão que a sucedeu, já havia sido narrada em seu livro “O demônio do meio-dia — Uma anatomia da depressão” (2001), que venceu o National Book Award de 2001. 
Marco Aurélio Canônico – O Globo

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